quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Um menino de rua refletindo sobre o Natal


Tem gente que pensa que menino não reflete, ainda mais sendo um menino de rua assim como eu, por exemplo. Mas eu sei pensar, refletir, imaginar. E como sei. Um menino de rua reflete muito. Reflete sobre o que não tem, sobre o que lhe é negado, o pão, a casa, a família, a escola... Nós que vivemos na rua também sabemos pensar. Mas o problema é que não nos dão ouvidos. Acho até que não querem nos ouvir, porque se dessem atenção às nossas reflexões, eles iriam ter que nos respeitar e preservar nossos direitos. Se os grandes dessem ouvidos às nossas imaginações, o nosso mundo e o mundo deles seriam diferentes. Se eles parassem um pouco para escutar o que a gente pensa sobre o Natal, por exemplo, com certeza nós também teríamos um Natal e eles poderiam celebrar um Natal real e verdadeiro.


E, por falar em Natal, me parece que está chegando, já chegou. Vejo tudo muito parecido como no ano passado. Nesta época a calçada, que é a minha casa, está movimentada, cheia de gente que entram e saem destas lojas. Saem com muitas sacolas e compram tantas coisas que não sobra uns trocadinhos quando peço. Não sei que Natal é este que eles vão celebrar porque passam por mim e nem me olham e quando me esbarram, me xingam, dizem que estou atrapalhando. Pelo que ouço, o Natal deles tem dois importantes personagens. Um é o Papai Noel e o outro é o Menino Jesus. Até achei graça que este Menino Jesus é chamado de Menino Deus. Outro dia na porta da Igreja ouvi dizerem que ele vem para governar a Terra. Gostei muito desta idéia, porque se um menino governar o mundo, certamente ele vai nos dar a chance que os grandes nos negaram até hoje. O mundo que sempre foi governado por gente grande, está virado em crise. Tem crise ambiental, crise alimentar, crise de energia, crise econômica. E só se fala em crise. Acho que os meninos vão ter que assumir o controle da situação.


Mas, falando do natal, o Papai Noel é um sujeito muito estranho, ele dá presente apenas para algumas crianças. Eu nunca ganhei nenhum presentinho dele. Ele passa por mim e eu passo por ele, mas nunca me deu nada. Apenas ganhei algumas balas que jogou pela calçada. E isso me faz refletir muito. Fico pensando sobre isso e não consigo entender. Claro que ele não precisava me dar aquela bicicleta, o skeite, o jet-ski, o carro o lep top e tantas coisas que deu para os meninos aqui deste prédio na frente. Até aquela bola não precisava ser igual, poderia ser uma mais simples. O Papai Noel nem precisava vir até aqui com muitos presentes. Ele poderia distribuir tudo para as outras crianças e depois vir aqui e me levar pra casa e chamar de volta meu pai e minha mãe, meus irmãozinhos e juntos poderíamos fazer uma ceia de Natal. Claro que o Papai Noel ia ter que nos dar alguns alimentos para ceia, porque lá em casa não tem nada. E sei que isso custaria bem menos que qualquer um daqueles presentes que os outros meninos ganharam Mas o Papai Noel nunca me dá é nada. Por que será?


Sei que o Menino Jesus também trás presentes de Natal. Dizem que ele traz muito amor e muita paz, felicidade, justiça, fraternidade e outras tantas coisas boas pra gente viver bem. E dizem que o Menino Jesus cuida das crianças. Ele até declarou que a sua mãe é a mãe de todos nós. Acho que é verdade porque todas as noites ela vem me ver antes de dormir. O problema é que todas as coisas boas que o Menino Jesus trás pra gente, os grandes desviam tudo e nunca chega nada até os meninos de rua. O dia que eu encontrar o Menino Jesus, eu vou contar tudo pra Ele e acho que Ele vai pegar um chicote e fazer com essa gente grande que rouba dos pequeninos o mesmo que fez com os vendilhões do Templo.


Por tudo o que ouço falar sobre este Menino, tenho vontade de conhecê-lo. Lá na praça da matriz tem um presépio e eu pude ver meio de longe que ele está deitadinho entre sua mãe e seu pai, ao seu redor tem animais, trabalhadores e até alguns reis que vem lhe prestar homenagem. Dizem que Ele está crescendo em estatura, sabedoria e graça diante de Deus. Ele será grande e será coroado rei e vai governar a toda Terá. Quando chegar o Reino desse Menino, tudo vai ser diferente, porque Ele é pequeno e pobre. Certamente vai olhar para nós que somos pequenos e pobres.


Mas, por enquanto, que Natal é esse? O Papai Noel só dá presentes para alguns meninos. E o Menino Jesus trás pata todos os melhores presentes para passar o Ano Novo, mas os grandes me roubam tudo. Não me deixam ficar com o amor, com a felicidade, a paz, a fraternidade, a justiça, a igualdade, a alegria... que o Deus Menino trás para toda a Humanidade. Eles me roubam tudo e jogam fora, porque eles também não têm nada disso. O que eles têm de paz, amor, justiça... é pura imitação. Mas, o Menino Jesus me deu uns presentinhos sem ninguém saber. Ele deu fé e esperança pra mim e meus amiguinhos. E nos disse para não ter medo dos grandes, disse que nós temos que lutar muito para mudar o mundo. E que Ele sempre vai nos defender quando denunciarmos as coisas erradas que existem na face da Terra. E disse também que seu Pai que está no céu escondeu todas essas coisas aos grandes e poderosos, aos sábios e inteligentes, e as revelou aos humildes e pequeninos.


Para quem leu a mensagem do menino de rua, uma prece ao Menino Jesus. Feliz Natal! E todas as bênçãos do Deus Menino para o Ano Novo!


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Postado por Frei Pilato Pereira no Olhar Ecológico em 12/24/2008 09:07:00 AM

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

O desprezo que Bush contraiu para si

O desprezo que Bush contraiu para si

Herói para o povo e abençoado por Alá, o jornalista iraquiano Muntadar Al-Zeidi protagonizou um ato que merece louvor. Ele arremessou os sapatos na direção de Bush, com a intenção de lhe dar uma sapatada para manifestar o desprezo do povo iraquiano para com o atual presidente estadunidense. Não quero fazer apologia ao desprezo. Acredito que ninguém deve ser desprezado por ninguém. Mas a manifestação de desprezo simbolizada nos sapatos de Al-Zeidi, não é um simples desprezo, é um ato político. Foi uma manifestação política que gerou adeptos em todo o mundo. Não apenas os iraquianos, os árabes, mas o mundo que Bush quis atemorizar, agora manifesta o desprezo que ele próprio contraiu para si, por causa da sua imbecilidade. Ele escolheu fazer guerras, quis matar inocentes, procurou dominar e escravizar outros povos. Então, agora lhe resta o desprezo, com o qual tanto desprezou aos outros. É dele e somente dele, a ele pertence o desprezo. Como disse Jesus Cristo: "devolvam a César o que é de Cezar" (Mt 22,21).

Nestes oito anos – cujo fim se avizinha – em que George W. Bush governa os Estados Unidos, ele realizou obras de perversidade e na derradeira hora de seu reinado, recebe a digna recompensa, uma bela sapatada de um iraquiano. Poderia ter sido um brasileiro ou um cidadão de qualquer outra nacionalidade a manifestar o repúdio e o desprezo que Bush merece. Mas como esse gesto dos sapatos faz parte da cultura árabe, ficou muito bem que o protagonista do ato foi um iraquiano. Pois, é lá no Iraque que está mais evidente a marca da barbárie de Bush. No comando deste insensato, o governo estadunidense pisoteou, espezinhou em muitos lugares do planeta feito uma besta selvagem, sem a menor compreensão e senso de humanidade. E fez tudo o que fez por merecer agora a diga sapatada de Muntadar.

O jornalista iraquiano, Muntadar Al-Zeidi representou a humanidade num ato político de repúdio que declara a George W. Bush o título de "personae non gratae". Acredito que nenhum ser humano mereceria este título. Toda pessoa deveria ser sempre bem vinda em todos os meios e lugares. Mas os atos de Bush ofenderam a humanidade e a Deus. Ele é a própria carapuça de todas as atrocidades que cometeu. E o desprezo que sua pessoa recebe, é uma demonstração de que não queremos mais ver certas ações desumanas que marcaram seu governo. Foi um ato forte para demonstrar a força do não que o mundo sempre tentou dizer aos seus ouvidos surdos. É um símbolo da total reprovação a tudo o que Bush fez contra a humanidade.

Postado por Frei Pilato Pereira no Olhar Ecológico em 12/16/2008 08:13:00 PM

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

HOMENS unidos pelo fim da violência contra as MULHERES!

URGENTE! Só até 06 de dezembro:
HOMENS unidos pelo fim da violência contra as MULHERES!

ASSINEM

Para participar, acesse o site: www.homenspelofimdaviolencia.com.br

Uma campanha para os Homens participarem assinando e divulgando.

E as Mulheres também podem ajudar a divulgar!

A Campanha Nacional "Homens unidos pelo fim da violência contra as mulheres" está colhendo assinaturas até o dia 6 de dezembro, Dia de Luta dos Homens pelo Fim da Violência contras Mulheres. A campanha é dirigida ao público masculino, portanto a ministra da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, Nilcéa Freire, pede que apenas homens assinem no site.

Ao aderirem à campanha, por meio de assinaturas, os homens se comprometem publicamente a contribuir pela implementação integral da Lei Maria da Penha (11.340/06) e pela efetivação de políticas públicas que visam ao fim da violência contra as mulheres. As mulheres podem participar assinando no site do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para as Mulheres (Unifem - sigla em inglês), na campanha "Diga não à violência contra mulheres".

"Nossa meta tem que ser ambiciosa: queremos no mínimo 500 mil assinaturas. Os resultados da campanha serão divulgados em um evento com o Presidente Lula, governadores, artistas, políticos, líderes comunitários, desportistas, entre outros. Neste dia, o presidente Lula enviará 'online' as assinaturas recolhidas ao Secretário Geral da ONU, e estas passarão a compor às assinaturas da campanha internacional", afirma Nilcéia, que também preside o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

A campanha nacional está sendo realizada no marco da Campanha dos 16 Dias de Ativismo pela não Violência contra as Mulheres e faz parte da campanha mundial "Unite to End Violence Against Women", divulgada pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon.

Para participar, acesse o site: www.homenspelofimdaviolencia.com.br

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Convite - Movimento Gaúcho de Defesa do Meio Ambiente



Porto Alegre, 28 de Novembro de 2008

Senhoras e Senhores

O Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente – MoGDeMA - tem a honra de convidá-lo(a) para participar do Ato de Lançamento do Movimento, a ser realizado no dia 15 de Dezembro do corrente ano, às 09:00h, no Plenarinho da Assembléia Legislativa/RS.

O MoGDeMA é uma articulação que reúne ONG's ambientalistas, movimentos sociais do campo e da cidade, sindicatos, representantes de classe, lideranças religiosas, estudantes, professores, pesquisadores e demais lutadores sociais. Surge em decorrência da situação de crise deliberada e progressiva da gestão ambiental no Rio Grande do Sul.

Visa ações conjuntas que fortaleçam as políticas públicas em defesa da natureza, promovendo o debate e a luta socioambiental, propondo a reflexão crítica ao modelo de desenvolvimento predatório hegemônico, e construindo as bases sociais para um novo modelo com sustentabilidade ambiental.

O MoGDeMA é um espaço universal e plural, aberto a homens e mulheres, instituições e movimentos sociais.

Desta forma convidamos para integrar esta iniciativa que estabelece um espaço de troca e mobilização, assinando a Carta de Princípios http://mogdema.blogspot.com/ e ser articulador local e regional. Neste endereço eletrônico também existe uma relação de atividades desenvolvidas neste ano de 2008.

O Termo de Adesão, logo abaixo deve ser remetido para mogdema@gmail.com

Agradecemos desde já e contamos com sua participação.

Felipe Amaral - Sylvio Nogueira - Eduardo Ruppenthal

Coordenação Cooperativa

TERMO DE ADESÃO MoGDeMA

Instituição:

Ciente dos objetivos do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente – MoGDeMA, declara sua adesão e desejo de participar do coletivo de pessoas e instituições que constituem o MoGDeMA, assumindo o compromisso de respeitar e difundir seus princípios e de apoiar seu funcionamento e atividades como movimento social articulador.

Dados sobre a Instituição

Nome da instituição:
Endereço:
Cidade:
Fone:
Nome do(a) Responsável:
Função do responsável:
Email:
Sitio:

Carta de princípios - http://mogdema.blogspot.com/

Envie este documento para mogdema@gmail.com



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Postado por Frei Pilato Pereira no Olhar Ecológico em 12/04/2008 11:19:00 AM

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Nota de solidariedade às vítimas das enchentes em Santa Catarina

Nota de solidariedade às vítimas das enchentes em Santa Catarina

Postado no Blog Olhar Ecológico - www.olharecologico.blogspot.com

 

Nota de solidariedade às vítimas das enchentes em Santa Catarina

A Cáritas Brasileira se solidariza com as vítimas das enchentes em Santa Catarina. Lamentamos as tristes ocorrências, que causaram dezenas de mortes e deixaram milhares de pessoas desabrigadas.

Recomendamos que todos e todas se associem às iniciativas em andamento, promovidas pela Arquidiocese de Florianópolis, pelas Dioceses de Joinville e de Blumenau, pelas Entidades-membro de Cáritas no Estado, bem como da Defesa Civil, em suas diversas instâncias.

Para doações de alimentos e roupas, o apelo se dirige às comunidades do Estado de Santa Catarina, para que sejam de imediato encaminhadas às Secretarias das Paróquias da Arquidiocese de Florianópolis e das Dioceses de Joinville e de Blumenau.

Doações em dinheiro, de qualquer parte do Brasil, podem ser feitas utilizando as contas bancárias a seguir:

FLORIANÓPOLIS:
Banco do Brasil, agência 3174-7, conta 17611-7, em nome de Ação Social Arquidiocesana/Flagelados SC 2008. Mais informações: (48) 3224.8776 ou pelo e-mail asa@arquifln.org.br

JOINVILLE:
Banco BESC, agência 014, c/c 130.786-2. A campanha é promovida pela Associação Diocesana de Promoção Social. Mais informações: (47) 3451.3715/3716 ou pelo e-mail adipros@diocesejlle.com.br

BLUMENAU:
Será aberta uma conta bancária para a Campanha "Diocese de Blumenau – Emergência". Mais informações: (47) 3323.6952 ou 3322.4435 (cúria) ou pelo e-mail dioceseblumenau@terra.com.br


Manifestamos a esperança de que o sofrimento de tantas pessoas atingidas por essa calamidade seja amenizado com a prática da solidariedade, que neste momento nos convoca para as ações concretas que estiverem ao nosso alcance.

Fraternalmente,

Diretoria, Secretariado Nacional e Regionais da Cáritas Brasileira, reunidos em Brasília, aos 25 de novembro de 2008.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

mensagem para os eleitores americanos

Olá,

Em menos de uma semana os americanos estarão indo para as urnas. Muita coisa está em jogo nestas eleições - a luta contra o aquecimento global, a guerra no Iraque, o compromisso global com direitos humanos, entre outras coisas. Os conservadores estão desesperados, propagando uma mensagem preconceituosa e negativa para assustar os americanos a "votarem" contra o terrorismo. Veja o vídeo criado pela Avaaz.org para desafiar os americanos a terem uma visão diferente e inspirá-los a votarem pela paz, esperança e união. Se um grande número de pessoas assistirem ao vídeo ele ganhará destaque na mídia americana, podendo influenciar eleitores indecisos.

Assita o vídeo:
http://www.avaaz.org/po/for_all_of_us/98.php?cl_tf_sign=1

Obrigado!

Você está recebendo essa mensagem por que alguém usou a ferramenta "avise seus amigos" no site da Avaaz.org. A Avaaz não guarda informações sobre os indivíduos contatados através dessa ferramenta. Nós não te enviaremos novas mensagens sem seu consentimento mas lembre-se que seus amigos podem fazer isso novamente.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

800 anos do Carisma de Francisco e Clara de Assis

800 anos do Carisma de Francisco e Clara de Assis

Há 8 séculos, o Espírito Santo agraciou Francisco e Clara com a vocação de levar uma vida de Irmãos e Irmãs Menores. A Igreja reconheceu e confirmou este carisma que deu início a um grande movimento, um modo especial de ser Igreja e de viver na sociedade.

Em 24 de fevereiro de 1208, na festa do apóstolo Matias, Francisco ouve na Capela de Porciúncula aquela passagem do Evangelho "Ide e anunciai: O Reino dos Céus está próximo. Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios! Recebestes de graça, dai também de graça. Não leveis nos cintos moedas de ouro, de prata ou de cobre" (Mt 10, 7-9).

Profundamente emocionado com aquilo que ouve, exclama: "Isto é o que desejo; é o que procuro; é o que busco de todo o coração!" No dia 15 de abril do mesmo ano, os primeiros irmãos juntaram-se a ele. Juntos, abrem três vezes a Sagrada Escritura e recebem os seguintes versos orientadores: "vai, vende tudo...!" (Mc 10,21); "Não leveis nada para o caminho..." (Lc 9,3); "Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo...!" (Mt 16,24).

Este é o início do movimento franciscano e, para nós, é a razão de considerarmos o ano de 1208 como o ano do nascimento do nosso carisma. E 1209 é o ano em que o Papa Inocêncio III deu a autorização verbal a Francisco de fundar uma ordem. É o início da dimensão institucional do movimento franciscano. (www.ccfmc.net)

Celebrar os 800 anos do Carisma Franciscano e reviver o sonho de Clara e Francisco de Assis neste chão e neste tempo, essencialmente significa renovar nosso compromisso com os pobres e com a natureza para ajudarmos a construir um mundo de justiça e paz.

Entre os dias 17 a 19 de outubro, acontece em Brasília – DF, a Celebração Latino Americana e Caribenha dos 800 anos do Carisma Franciscano. Com caráter de congresso, o evento tem com o tema "Reviver o Sonho de Clara e Francisco de Assis no chão da América Latina e Caribe". E terá espaços de testemunhos, conferências e oficinas.

Estarão presentes os freis Capuchinhos Aldir Crócoli, José Bernardi e Pilato Pereira que, juntamente com Irmã Salete Dal Mago (Franciscanas de N.S. Aparecida), trabalharão a Oficina sobre a "Missão Francisclariana e os Excluídos".

sábado, 20 de setembro de 2008

O Dia da Árvore e o Cio da Terra

Blog Olhar Ecológico: www.olharecologico.blogspot.com
 
O Dia da Árvore e o Cio da Terra
 
A data considerada como o Dia Mundial da Árvore ou o Dia Mundial da Floresta é 21 de março. Mas os Estados Unidos decidiram adotar o 22 de abril como o Dia da Árvore. E muitos países têm adotado uma dessas duas datas. O Brasil, porém, foi um dos poucos países que não seguiu o exemplo dos EUA e também não adotou a data mundial que é 21de março. Nós brasileiros celebramos oficialmente o Dia da Árvore em 21 de setembro. E existe uma explicação lógica e muito bela para esta decisão.

Os povos indígenas brasileiros, em geral, sempre cultuaram as árvores na época das chuvas ou quando se preparava a terra para semear. Então se adotou a data que marca a entrada da Primavera. Algo que nos chama a atenção é o fato de que, por razões climáticas, o Norte e o Nordeste do Brasil cultuam a árvore na última semana de março, no período referente ao início das chuvas naquela região, e não como acontece no restante do país.

No Brasil, a celebração da árvore está intimamente relacionada com a vida da natureza e das pessoas que vivem num determinado lugar. Para quem vive na região sul do Brasil, a data em que é celebrado o Dia da Árvore, 21 de setembro, tem a ver com o período em que as terras estão sendo cultivadas ou já semeadas e as sementes estão germinando, crescendo, virando planta e as arvores voltando a florir novamente. Celebramos a árvore no período em que a semente, por causa do cio da terra, começa a virar planta e as plantas revelam sua beleza através das flores.

No Dia da Árvore celebramos a natureza, a vida se renovando, evidenciando a beleza que silenciosamente alimentou durante o inverno - tempo de seu recolhimento. O mês de julho é propício para o plantio de mudas de arvores, mas podemos ir plantando ainda em agosto ou até mesmo em setembro, para não deixar de plantar. Quando chegar o Dia da Árvore é bom que as mudas que plantamos em julho ou agosto já estejam firmes, em boa sintonia com a terra e todo o ambiente, se enraizando e prontas para começar a crescer com o calor da Primavera.

Plantar uma árvore é um sinal de amor à vida e um ato de compromisso ético com as gerações futuras. Mas, é preciso conhecer a natureza e saber quais são as árvores específicas do bioma, do ecossistema onde vivemos. Não basta apenas plantar árvores, é preciso plantar o tipo árvores que convivam em harmonia com o ambiente, ou seja, árvores nativas. Uma árvore fora do seu habitat natural, que é chamada de planta exótica, pode não vingar ou sofrer muito e não se desenvolver no seu vigor original, além de atrapalhar as plantas nativas.

E quando as árvores são plantadas em grandes extensões, em forma de monoculturas, elas podem afetar a vida do habitat onde foram plantadas. Sobre as monoculturas de eucaliptos, por exemplo, já se tem experiências de que provocam desequilíbrio ambiental e afetam fortemente a normalidade do ambiente, prejudicam as outras formas de vida do local onde são plantadas. Plantar poucas mudas de eucalipto, acácia ou qualquer outra árvore exótica, às vezes para o consumo local, não causa tantos problemas ambientais. Mas, quando o plantio é realizado em grandes extensões de terra, isto se torna extremamente perigoso. Mesmo quando se planta poucas árvores, é preciso ter o cuidado de que elas não sejam predominantes e capazes de agredir a biodiversidade nativa do lugar.

Plantar árvores é bom, é saudável para a vida. Além do seu valor em si, uma árvore traz muitos benefícios para a vida das pessoas e de toda a natureza. Sabemos da grande importância das árvores para o funcionamento normal da vida no planeta. Não podemos viver sem árvores, mas não basta simplesmente plantar árvores, pois nem todo verde é ecologicamente correto. Precisamos plantar e cuidar das nossas árvores nativas. E quem ainda não plantou uma árvore nativa neste ano, pode aproveitar o Dia da Árvore e plantar pelo menos uma.

Normalmente, quem planta uma árvore, não é o seu principal beneficiário. Mas, quem foi que plantou tantos milhões de árvores que hoje garantem nossa vida, nossa respiração? Certamente não foram nossas próprias mãos que plantaram as florestas e as plantas todas que permitem a vida ao nosso redor. A mão de Deus, a natureza e outras pessoas foram solidárias conosco. Portanto, sejamos solidários com quem ainda não nasceu e precisará encontrar um planeta com árvores, flores, frutos, água e todos os recursos que sustentam a vida. Herdamos um mundo onde é possível respirar. E o que deixaremos para as futuras gerações?

Plante a continuidade da vida, plante uma árvore nativa.

Frei Pilato Pereira freipilato@gmail.com
 
Blog Olhar Ecológico: www.olharecologico.blogspot.com

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Vídeo "Montanhas de papel, montanhas de injustiça"

Estimad@s amig@s,
Queremos informar a vocês que já está disponível a versão em português do vídeo "Montanhas de papel, montanhas de injustiça", que documenta os impactos da indústria da celulose e o papel.
Esperamos que este vídeo de 11 minutos sirva como uma ferramenta a mais no contexto das atividades do dia 21 de setembro, Dia Internacional contra as Monoculturas de Árvores, para gerar consciência sobre o consumo desmedido de papel e sobre as lutas locais das comunidades que enfrentam as monoculturas de árvores e as plantas de celulose no Sul.

O vídeo pode ser acessado no seguinte endereço:
http://www.wrm.org.uy/Videos_Esp/Montanhas.html

Cordialmente,
A equipe do WRM
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Publicado no Blog Olhar Ecológico - 19/09/08

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

[Olhar Ecológico] Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente

Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente

Movimento em Defesa do Meio Ambiente tem atividades descentralizadas
O Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente – MoGDMA, tem atividades descentralizadas na próxima semana. Um dos objetivo do movimento desde sua criação, é a descentralização da discussão referentes ao meio ambiente, indo de encontro direto com as comunidades e agentes sociais envolvidos na luta pela preservação ambiental no Estado.

Como resultado da articulação com o grupo de Pelotas, será realizado o III Seminário Políticas Públicas de Meio Ambiente, sobre a ofensiva do setor da celulose no Pampa e alternativas para o desenvolvimento local. O evento ocorre dia 19 de Agosto (terça-feira) no Auditório da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal de Pelotas - Entre 10:00 e 17:00. Estão convidados: o agrônomo Carlos Nabinger, o ambientalista e zoólogo Ludwig Buckup e o jornalista Najar Tubino, dentre outros pesquisadores e gestores ambientais. As inscrições são gratuitas. A organização do evento está buscando uma cortesia para condução de Porto Alegre até a cidade de Pelotas. Interessados devem enviar os dados pessoais para contato@institutobiofilia.org.br .

Para dar continuidade das atividades que ocorrem mensalmente na capital, a coordenação do MoGDMA, promove o IV Seminário Políticas Públicas de Meio Ambiente, sobre o caso das Barragens Jaguari e Taquarembó, dia 20 de Agosto (quarta-feira) no Auditório do Semapi/Sindicato. Nesta edição o painelista convidado é o Eduardo Lanna. Lima e Silva, 280. - Entre 18:30 e 21:00. Inscrições gratuitas.

A proposta do grupo é manter o foco nas discussões públicas, levando informação, promovendo articulação política ambiental com distintos setores da sociedade. Desta forma está programado para Setembro o debate com os candidatos a prefeitura de Porto Alegre.

Venha participar das discussões que estabelecem um espaço para o debate sobre as questões socioambientais e gestão ambiental do Rio Grande do Sul.

Todos os eventos promovidos pelo MoGDMA, são gratuitos e ocorrem mensalmente. Informe-se e participe.


Ecólogo Felipe Amaral
Sec. Executivo Instituto Biofilia
Av. Borges de Medeiros - 708/603
Cep. 90020-024 / Centro / Porto Alegre
51. 9988 1191
contato@institutobiofilia.org.br
www.institutobiofilia.org.br


quinta-feira, 24 de julho de 2008

[Olhar Ecológico] Dia do Agricultor e da Agricultora

Dia do Agricultor e da Agricultora

Nesta semana, sexta-feira, dia 25 de julho celebramos o Dia do Agricultor e da Agricultora. Este dia merece ser celebrado porque esta é a classe social que mais contribui para o país. Os grandes produtores dizem que produzem muito. Mas comparando a terra que possuem e o dinheiro que ganham do Estado para produzir, percebemos que os pequenos é que produzem mais e geram muito mais emprego e renda para a população.

Mais de 70% do alimento que vai diariamente à mesa do povo brasileiro, vem da agricultura familiar e camponesa. Por isso, neste dia devemos agradecer ao homem e a mulher do campo que produzem o pão nosso cada dia. Também é importante que observemos a diferença que existe na forma de como a terra é distribuída. A diferença entre concentração da terra, que é o latifúndio, a monocultura e a partilha da terra, que é a Reforma Agrária e a Agricultura familiar.

A terra é um meio de produção, mas é mais que isso. A terra é território, é lugar de vida, cultura, política, fé, trabalho e etc. A terra é lugar de vida e de convivência. Quando a terra é partilhada, a convivência humana e a relação das pessoas com a natureza, acontecem de uma forma. Mas, quando a terra está concentrada nas mãos de poucos, as relações humanas e o tratamento do ser humano com a natureza ocorre de outra maneira.

O pequeno agricultor, o camponês trabalha na terra aonde vive, a sua terra é sua casa, é sua vida, é seu mundo e ele procura cuidar da melhor forma possível para deixar algo bom para seus filhos. Na agricultura familiar e camponesa, a família trabalhadora cuida dos banhados, arroios, córregos, das fontes, nascentes, das arvores nativas e de toda a biodiversidade existente. Num latifúndio, tudo é devastado para plantar grandes extensões.

O camponês, normalmente planta de tudo no seu lote ou na sua pequena propriedade. Planta o que a família precisa para sua subsistência e algo a mais para comercializar e obter alguma renda. E numa grande propriedade, às vezes milhares de hectares, cultivam uma única planta, seja milho, soja, café, eucalipto e etc. Imaginemos o que significa para o meio ambiente ter, por exemplo, 10 mil hectares de terra com uma única espécie de vida. É um verdadeiro desastre ambiental.

Na pequena propriedade, as relações de trabalho e a distribuição da renda, acontecem de forma mais humana, justa e democrática. Mas no latifúndio, existe concentração de poder e de renda. Os que trabalham num latifúndio são empregados, vendem sua força de trabalho e normalmente são explorados. Além da terra concentrada, também acontece a concentração do poder e do dinheiro.

Todo o recurso que um pequeno agricultor recebe, seja da venda de sua produção ou mesmo algum financiamento do governo, ele investe no comércio local. Já o grande produtor costuma gastar fora, em outras cidades, outros países e também investe no setor financeiro especulativo. Seu investimento não gera emprego e não aquece a economia local.

A Reforma Agrária e o apoio a Agricultura Familiar, além de ser uma questão de justiça social, também representam uma alternativa eficaz de desenvolvimento.

Parabéns aos camponeses e camponesas que produzem nosso alimento e cuidam da terra. Cuidando de uma pequena porção de terra, estão cuidando de todo o planeta para que as futuras gerações encontrem um planeta vivo para viver.
 
Frei Pilato Pereira

terça-feira, 15 de julho de 2008

[Olhar Ecológico] Governo Yeda: Gabinete de que transição?

Governo Yeda: Gabinete de que transição?

Com cerimônia e discursos e até uma carta de compromisso, esta semana o Palácio Piratini declarou encerado o Gabinete de Transição que era constituído por cinco políticos da base aliada. O gabinete foi criado depois de uma crise crônica no governo do Estado, onde tiveram de ser afastados o chefe da Casa Civil, outros dois secretários e o representante do Governo em Brasília. E o objetivo deste instrumento era solucionar a crise promovendo uma nova estrutura na administração pública do governo gaúcho. Porém, depois de um mês e alguns dias em que foi criado, não se pode dizer com certeza que realmente fez acontecer esta passagem política e administrativa no governo da Yeda Crusius.

É verdade que a carta de compromisso anunciou algumas medidas, como a criação do Cadastro do Gestor Público. E também foram assinados os decretos que instituem o Gabinete de Transparência, Prevenção e Combate à Corrupção, e a Comissão de Ética Pública, o Código de Conduta da Alta Administração e o Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo. Bem como, foi encaminhado à Assembléia Legislativa um projeto de lei para criar a Secretaria da Transparência, Prevenção e Combate à Corrupção. Contudo, é difícil acreditar que este gabinete tenha trabalhado para proporcionar ao Estado as condições necessárias para dar um passo a frente e sair do lamaçal de corrupção em que se encontra. É mais fácil crer que a função deste gabinete foi a de, através do anuncio destas medidas ilusórias, proteger o governo das muitas evidencias de corrupção. E isto é como querer "tapar o sol com a peneira".

De acordo com o que foi revelado pelo próprio vice-governador, com suas gravações, a maioria dos partidos da base aliada está envolvida em atos de corrupção. Tem partidos da base do governo relacionados com as supostas irregularidades do Banrisul e, conforme as investigações da CPI, alguns partidos estão comprovadamente envolvidos na fraude do Detran. Até mesmo a governadora Yeda é apontada como responsável por atos de corrupção, inclusive, existem fortes e evidentes suspeitas de que sua campanha foi bancada com dinheiro desviado dos cofres públicos. O sensato seria que um gabinete para enfrentar esta conjuntura de corrupção fosse composto por pessoas que não tem relação com os partidos e os políticos suspeitos. Porém, aconteceu que, justamente os amigos e companheiros dos acusados do crime, foram chamados para analisar a situação e apontar as "soluções".

Não podemos ter a ingenuidade de acreditar que este tal Gabinete de Transição tenha feito a necessária mudança estrutural para tirar o Estado da lama de corrupção e coloca-lo a trilhar no caminho da ética e da transparência. Uma mudança tão grande não seria feita pelos próprios atolados no lamaçal de corrupção do governo Yeda. O que é possível crer que eles fizeram, foi criar uma aparente esfera de reestruturação do Estado. Criaram uma ilusão de que agora existem estruturas de controle da gestão pública. No meio do barro da corrupção, certamente construíram máscaras para iludir a opinião pública. O que o governo fez foi ajeitar o time para continuar no mesmo jogo. Tirou alguns titulas, colocou uns reservas e segue jogando com nas mesmas regras e para atingir os mesmos objetivos de antes.

Frei Pilato Pereira

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segunda-feira, 14 de julho de 2008

[Olhar Ecológico] O MST é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo!


Além de uma sólida base com muitos e bons militantes, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST, também tem inúmeros amigos e amigas. Pessoas que depositam esperanças na organização e na luta do movimento e que também ficam indignadas com o descaso dos governos para com a Reforma Agrária e a perseguição da polícia e do judiciário contra os Sem Terra. Sabemos que a criminalização dos movimentos sociais e populares vêm ocorrendo em todo o Brasil. Mas o MST é o movimento mais perseguido e em particular no Rio Grande do Sul, seu lugar de origem, vem sofrendo a sua pior fase de criminalização em 25 anos de existência.

Como já é do conhecimento da opinião pública, no Rio Grande do Sul existe uma conspiração entre setores do judiciário e da polícia do Estado, a Brigada Militar, para dissolver o MST. Desde 2006 vem acontecendo uma série de ações articuladas entre a polícia e o judiciário para desmobilizar e criminalizar o movimento. E todas as atrocidades jurídico/militares contra os Sem Terra, tem como fundamento teórico um dossiê panfletário, ideológico, elaborado por um coronel da Brigada Militar, que é ligado à extrema direita. E este, conhecido como coronel Cerutti, inclusive foi candidato a deputado em 2006 pelo partido do Maluf, que no Rio Grande do Sul é um braço político dos grandes latifundiários que vivem no mais arcaico sistema agrário.

Grande parte dos latifundiários gaúchos que pouco produzem em suas estâncias, mantém suas terras improdutivas usando as como moeda de especulação, como forma de status e poder e como instrumento para barganhar dinheiro público através de financiamentos bancários para a produção que em geral não realizam, mas depois negociam e rolam suas dívidas. Deste modo o povo paga o luxo e a ostentação desses latifundiários. É importante dizer que esta classe burguesa que não contribui em nada com o desenvolvimento da sociedade, também tem um braço jurídico/militar, que lhe permite ser bem servida com juízes de plantão para dar reintegração de posse quando suas terras improdutivas são ocupadas e com policiais armados para agredir Sem Terra.

Mas, enfim, diante disso, vale lembrar que há um número incontável de cidadãos e cidadãs que apóiam o MST. Que acreditam muito mais na luta e na organização do movimento do que nas ações dos governos, da justiça e da polícia. O MST, sim, luta pelos pobres, trabalha para mudar as estruturas que geram a fome e a miséria em nosso país. O MST luta pela dignidade da pessoa humana, pela preservação da natureza, pelo respeito para com a Terra e os povos. O MST - uma organização democrática e cidadã - é resultado do anseio de mudar a realidade agrária do país e reverter os grandes problemas sociais através da agricultura familiar e camponesa. E além de lutar pela Reforma Agrária, o movimento assume a defesa da educação pública, da cultura, da ecologia e a soberania do povo.

O Movimento Sem Terra, nesses 25 anos de existência, tem feito muito pelo Brasil. Hoje, graças às lutas do movimento, são mais de 350 mil famílias assentadas. E muitos, se não a maioria dos assentamentos já tem escolas, postos de saúde, cooperativas e outras conquistas da luta dos trabalhadores democraticamente organizados pelo MST. Nada disso existiria se não fossem as ocupações de terra, as marchas, os protestos, as greves de fome realizadas pelo MST. Como disse o Bispo Dom Pedro Casaldaliga, "Bendito seja o MST". É por isso que o movimento tem muitos amigos. São inúmeras as organizações e pessoas dos mais diversos setores da sociedade que apóiam o MST e que neste momento se sentem agredidas junto com os Sem Terra.

Esta conspiração política, jurídica e militar da burguesia gaúcha contra o MST é um fato vergonhoso para nós que temos o ideal republicano estampado em nossa Bandeira Riograndense. É uma façanha que não serve de modelo para ninguém, pois, é resultado de uma imaturidade política e de uma compreensão decadente e precária da democracia. Os agentes desse ato desvalioso desconhecem a democracia ou são seus inimigos. Mas, o MST é verdadeiramente um instrumento de edificação da sociedade democrática e promoção da justiça e da paz.

Frei Pilato Pereira
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Postado por Frei Pilato Pereira no Olhar Ecológico em 7/14/2008 06:49:00 AM

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O “crime” do MST é combater o crime dos poderosos

O "crime" do MST é combater o crime dos poderosos 

A mais incredível notícia que pude ler nos jornais esta semana é que "o Judiciário gaúcho e a Brigada Militar tem plano para dissolver o MST". Não dá para acreditar que um grupo de pessoas com mente saudável, capaz de raciocinar e compreender que vivemos numa sociedade democrática, queira dissolver um movimento social com o MST. Será que pode existir tamanha má conspiração? É mesmo muito difícil de acreditar. Mas, depois da publicação de todos últimos episódios da vida pública e privada da burguesia gaúcha, não se pode duvidar do que eles são capazes de fazer. Como foram capazes de montar todos estes esquemas de corrupção que se viu nos últimos dias, quando o governo gaúcho entrou numa tenebrosa crise e a governadora Yeda teve que demitir vários secretários de Estado, certamente seriam capazes de também utilizar a estrutura pública para maquinar um golpe contra a democracia, tentando dissolver um dos mais importantes movimentos sociais.

Numa audiência pública na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, o advogado Leandro Scalabrin, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Passo Fundo, denunciou a existência de uma conspiração entre o Poder Judiciário e o Estado Maior da Brigada Militar para dissolver o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, o MST. Scalabrin divulgou um documento sigiloso do Ministério Público Estadual que propõe uma série de ações articuladas com a polícia e o Ministério Público Federal para desmobilizar o MST. Trata-se de uma conspiração que teve início no ano de 2006, com um dossiê formulado pelo comandante, coronel Waldir João Reis Cerutti. O coronel afirma que o MST tem relação com o PCC, de São Paulo, e com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Este relatório serviu de embasamento para que promotores e juízes encaminhassem pedidos de busca e apreensão em acampamentos e até ordens de prisão e de reintegração de posse e outras ações policiais contra o MST. Porém, quem conhece de fato o MST, ao ler as declarações deste tal coronel Cerutti, não acredita nas grosseiras mentiras de seu dossiê, na sua leviana afirmação de que o MST é criminoso.

Querem forçar a sociedade a acreditar que o MST é uma organização criminosa. Mas, afinal, qual é o crime do MST? Tirar os pobres da miséria humana, da miséria política, social e econômica, do abandono e do anonimato e ajuda-los a compreender que são cidadãos que têm direitos. Organizar os pobres do campo, despertar uma nova consciência e a esperança de que uma vida melhor e mais humana é possível através da Reforma Agrária. Abrir caminhos para que os pobres das periferias urbanas possam se livrar das drogas, do crime, da violência e da exclusão, devolvendo-lhes a liberdade de sonhar e lutar. Mobilizar as famílias assentadas para que possam ter forças de lutar por escola, moradia, posto de saúde, estradas, água, transportes e outros direitos. Organizar cooperativas e associações para viabilizar a vida das famílias assentadas, para que não abandonem a terra, mas permanecem no campo produzindo alimento. É isto que faz o MST. E, por acaso isto é crime? Então, é por estas ações que condenam o Movimento Sem Terra?

O MST liberta os pobres da escravidão, abre-lhes os olhos para enxergarem o crime dos poderosos. Talvez seja por isso que querem condenar o movimento. O crime do MST é o mesmo de Jesus Cristo, que também foi levado aos tribunais para ser condenado a morte e ninguém sabia qual era mesmo o seu crime – Ele só havia feito o bem. Jesus também denunciou o crime dos poderosos de seu tempo e anunciou a Boa Nova aos pobres. Não tenho a pretensão de comparar o MST a Jesus de Nazaré, mas compreendo que o movimento tem sido um verdadeiro instrumento de construção do Reino de Deus, anunciado por Jesus Cristo. Promover a justiça e a paz, preservar a dignidade humana e a integridade da natureza, são atitudes admiradas, mas não significa que quem agir desta maneira esteja livre de perseguição. Muito pelo contrário. A história da humanidade nos mostra que, infelizmente, as pessoas e organizações que procuram fazer o bem, geralmente são perseguidas, porque o bem de todos desfavorece a bonança de alguns.

Frei Pilato Pereira

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terça-feira, 17 de junho de 2008

Hoje é o Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca

Hoje é o Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca

Hoje, 17 de Junho, é o Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca. Esta data celebrativa foi proclamada pela Assembléia Geral da ONU em 1994 e neste mesmo dia e ano foi aprovada a Convenção sobre a Luta contra a Desertificação. O dia 17 de junho é um momento oportuno para a sensibilização da opinião pública sobre a necessidade de promover a cooperação internacional no combate à desertificação e aos efeitos da seca. A discussão sobre o conceito de desertificação se desenvolveu mais acentuadamente ao longo dos anos 80 e se consolidou no documento "Agenda 21", discutido e aprovado durante a Conferência do Rio em 1992. No capítulo 12 da Agenda 21, onde trata sobre a luta contra a desertificação e a seca, está definido desertificação como sendo "a degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas", sendo que, por "degradação da terra" se entende a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de vida das populações afetadas.

As principais causas da desertificação estão associadas ao uso inadequado do solo e da água, especialmente em atividades agropecuárias, na mineração, na irrigação mal planejada e no desmatamento indiscriminado. Quando se fala em deserto, logo se pensa no vazio de vegetação e na ausência do verde. Mas as monoculturas (verdes), sem dúvida, são as principais causadoras de desertificação. Não é por acaso que surgiu a expressão "desertos verdes", que se refere à silvicultura, o monocultivo de plantas exóticas, isto é, árvores não nativas, como eucalipto, pinus, acácia e outros. É importante ter claro que silvicultura não é reflorestamento. Entende-se que reflorestamento é repor a floresta em espécies nativas. Enquanto que silvicultura são as atividades de povoamentos florestais para satisfazer as necessidades de mercado, e geralmente com árvores exóticas. E o desenvolvimento da silvicultura em grande escala provoca a desertificação, seguida, é claro, de uma série de desequilíbrios socioambientais.

Como conseqüências da desertificação ocorrem o abandono das terras por parte das populações mais pobres, surgindo migrações forçadas, causando o aumento da população das grandes cidades, o que também provoca mais desemprego, pobreza, exclusão, marginalidade, poluição e outros problemas socioambientais urbanos. E as famílias que, mesmo com a desertificação, permanecem nos seus locais de origem, sofrem diminuição na qualidade e na expectativa de vida e o aumento da mortalidade infantil. A desertificação também causa a desestruturação das famílias, pois a queda na produção agrícola provoca a diminuição da renda e do consumo das populações locais. Também ocorre a desorganização dos mercados regionais e nacionais, o enfraquecimento do Estado e a instabilidade política. Nos dias de hoje quase um milhão e meio de pessoas no mundo sofrem diretamente com a desertificação, sendo colocadas em situação de risco.

Neste Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca, precisamos renovar nosso compromisso de lutar coletivamente contra os fatores da desertificação, cientes de que esta luta também resulta na prevenção de muitos outros problemas. Como a própria natureza nos ensina, é preciso cortar a raiz da desertificação, para não ter que engolir seus frutos amargos. E para isto é preciso repensar as atividades humanas e agir para que estas ocorram em sintonia com a natureza e sejam desenvolvidas com sustentabilidade. O que não significa frear a produção de alimentos, pois, sabemos que a agricultura familiar e camponesa produz muito mais sem degradar o meio ambiente.

A desertificação e todo o tipo de degradação da vida provocada pela ação do ser humano, podem ser verdadeiramente revertidos a partir de uma conversão ecológica. Como afirmou Bento XVI, ainda em 2005, no início de seu Pontificado, que "os desertos exteriores se multiplicam no mundo porque os desertos interiores são bastante amplos no ser humano". E porque as riquezas da Terra não estão a serviço da edificação de um mundo no qual todos possam viver, mas estão colocadas a serviço das potências da exploração e da destruição. Precisamos, portanto, mudar nossa maneira de interagir com a natureza e mudar o modelo de socialização dos recursos naturais, preservando a integridade da natureza e a dignidade humana.

Frei Pilato Pereira 
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quarta-feira, 11 de junho de 2008

Cortando eucalipto para salvar o Rio Grande


Derrubar árvore nativa é coisa que não se faz. Quando, por força da necessidade, se utilizar uma madeira nativa, é preciso fazê-lo de forma sustentável. Agora, quanto a uma árvore de eucalipto ou qualquer que seja a planta exótica, é preciso derrubar para impedir danos ao ambiente natural e social.

Yeda é uma árvore exótica, um eucalipto, por exemplo, que está causando grande dano socioambiental no Rio Grande do Sul. Pelo que me parece, não tem outra solução a não ser derrubá-la antes que resseque nossas nascentes, mananciais e banhados. É preciso derrubar esta planta exótica, este eucalipto, antes que sugue todas as fontes do Rio Grande.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Governo Yeda, uma panela sem tampa

Governo Yeda, uma panela sem tampa

O novo jeito de governar da Yeda Crusius, do PSDB, é mesmo algo sem precedentes na história política do Rio Grande do Sul. É verdadeiramente novo, nunca se viu nada igual. No Rio Grande já tivemos governos bastante odiosos e odientos, como é o caso do governo Britto, que por pouco não vendeu todo o Estado, guardando para si uma gorda comissão premiada de bom vendedor. Já tivemos governos que não souberam cuidar dignamente da saúde, da educação, da segurança pública, enfim, não foram capazes de garantir um mínimo de bem estar comum na sociedade gaúcha. Com a Yeda e seus aliados (PSDB, DEM-PFL, PP, PMDB, PTB, PPS...), temos um governo que traz consigo tudo o que havia de mais retrogrado nos governos anteriores comandados por estes mesmos partidos em diferentes momentos. Mas, agora existe algo de diferente que é o desgoverno. Os outros governos, deste bloco que podemos chamar de direita, também tiveram uma linha anti-popular, mas todos os seus agentes marchavam mais ou menos juntos na mesma direção. Agora, porém, o Governo de Yeda é tão desarmônico e inconseqüente que nem precisou da oposição para se desgastar política e moralmente.

Tem um ditado popular que diz que "o diabo faz a panela, mas não faz a tampa" e outro dito afirma que "Deus escreve certo por linhas tornas". Acredito que Deus nos dá a liberdade de escrevermos nossa história e quando as linhas estão tornas, Ele nos ajuda a escrever o mais certo possível. E às vezes um grande erro - como é o caso deste que o povo gaúcho cometeu ao eleger a Yeda - pode servir de lição para reencontrar o caminho certo na vida. Pode ser que desta vez os gaúchos e gaúchas tirem uma grande lição de um grande erro. Pois é preciso andar para frente e não sapatear para traz onde ficou o esterco do cavalo.

É bem verdade que aqui no Rio Grande inventaram uma panela com todos os ingredientes necessários para enfeitiçar o povo. E conseguiram iludir os eleitores e impedir que, em 2007, Olívio Dutra voltasse ao Piratini para recomeçar o governo popular democrático. Fizeram uma boa panela de ferro, bem consistente e inquebrável, mas não souberam fazer a tampa e agora tudo está sendo revelado aos olhos do povo gaúcho. De pouco a pouco estamos vendo a podridão que tem nesta panela que alimenta o governo do Estado. E a conclusão é de que não poderia dar certo mesmo. Esta tal panela sem tampa só poderia servir para vencer a eleição, mas jamais garantiria forças para um governo saudável. Pois, é muita podridão para uma só panela. Ou mais cedo ou mais tarde teria que explodir.

E nestas alturas, a melhor coisa que podemos fazer é começar tudo de novo. Como nos aconselha o Evangelho de Jesus Cristo, não adianta tirar retalho de roupa nova para remendar roupa velha. E também não adianta colocar vinho novo em barris velhos (cf. Lc 5,35-37). Está claro e evidente que o "novo jeito de governar" da Yeda é tão antigo, maquiavélico e arcaico quanto a mentira. E o Rio Grande precisa com urgência de um novo governo, de verdade, constituído por forças políticas e movimentos que representem o povo gaúcho. Até agora a Yeda e seus aliados não fizeram nada de bom para o Estado e se quiserem fazer um gesto de grandeza nesta hora, devem deixar o governo. E se eles não renunciarem, a nossa autêntica façanha republicana é pedir já o "Impeachment" de todo o governo Yeda.

Frei Pilato Pereira

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Dia Ecologia

Não podemos mais viver como se não houvesse amanhã
Hoje é o Dia Mundial do Meio Ambiente e estamos lançando um novo blog.
O Blog Olhar Ecológico (www.olharecologico.blogspot.com) é um espaço na rede mundial para pensar no amanhã e agir hoje por um mundo melhor, por um futuro saudável.

Visite o blog: Olhar Ecológico: www.olharecologico.blogspot.com

Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia Ecologia

A Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada em 1945, tendo como tarefa a segurança mundial através dos direitos humanos, da paz e do desenvolvimento socioeconômico. Naquele período não se fazia nenhuma menção à ecologia. Somente em 1972, com o Clube de Roma, é que se trata mundialmente sobre a situação da Terra. E o balanço feito nesse encontro denunciou uma crise de sistema global do planeta e propôs uma "terapia de limites ao crescimento". Neste mesmo ano a ONU também organizou um encontro mundial em Estocolmo, na Suécia, que pela primeira vez tratou oficialmente sobre o meio ambiente. Nesta ocasião foi instituído o dia 5 de junho como o Dia Mundial do Meio Ambiente, o Dia da Ecologia. E também foi criado o UNEP (PNUMA) Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Na conferência de Estocolmo se confirmou que o meio ambiente deve estar no centro das preocupações da humanidade, e que o futuro da Terra depende do desenvolvimento de valores e princípios que garantem o equilíbrio ecológico. Leia mais...


domingo, 25 de maio de 2008

De quem é a Amazônia? De quem é o Planeta?

De quem é a Amazônia? De quem é o Planeta?

É notório um ar de prepotência na reportagem do jornal estadunidense "The New York Times", intitulada "De quem é esta floresta amazônica, afinal?" (18/05/08). Mas, penso que a questão colocada na reportagem é bem vinda para os dias de hoje. Realmente, nós humanos precisamos ter um diálogo franco, com o máximo possível de serenidade e nos perguntarmos sobre isto. Afinal, de quem a Amazônia? E o Planeta, é de quem mesmo? Quem é ou quem são "os donos" das florestas, dos rios, dos mares, das praias, das geleiras, das nascentes, dos mananciais, dos aqüíferos, das terras, das cidades? Enfim, precisamos questionar as apropriações que existem ao redor da Terra.

É um tanto quanto contraditório um cidadão estadunidense, seja alguém da imprensa ou um líder político, como é o caso de Al Gorre, questionar a política de proteção da Amazônia, dada pelas nações que dividem seu território. Afinal, os Estados Unidos estão cercando seu país, impedindo a entrada de estrangeiros em suas cidades. Eles não têm uma política territorial fraterna, humana e civilizada. Não há dúvida de que o jornal fez bem em colocar este tema em questão, mas a forma como colocou é muito às avessas.

Não parece nada sensato que alguns líderes internacionais e/ou a própria imprensa estrangeira venha a dizer como deve ser a política territorial dos países latino-americanos que dividem o território amazônico. O que é realmente necessário, é que a Comunidade Humana, através de seus legítimos organismos internacionais, faça um diálogo verdadeiramente democrático sobre a forma de como podemos melhor proteger todo o patrimônio natural da Humanidade. E diante disso, cabe discutir também sobre os mais diversos tipos de patrimônio, como por exemplo, o financeiro, o científico, o tecnológico, o intelectual e etc. Pois, as riquezas e toda a produção dos países são frutos da natureza e do trabalho humano.

A produção das grandes indústrias e do agronegócio, o lucro de todas as empresas, dos bancos e dos mais diversos setores da economia mundial, de alguma forma, são frutos da exploração dos recursos naturais e da força de trabalho do ser humano. Isto significa que estas empresas deveriam reverter a maior parte de seus lucros para preservar o meio ambiente e melhorar a vida das pessoas em todas as partes do mundo. Porém, não é isto que fazem e ainda querem obter sempre mais lucro. Agem como se fossem os donos do mundo, como se o planeta fosse um quintal particular. É hora de pensar nisso. Será que as grandes indústrias e o agronegócio, o grande capital têm o direito de se apropriar tão vorazmente das riquezas do nosso planeta? O mundo é de todos os seres humanos e de todas as formas de vida. O planeta Terra é nossa casa comum, é a morada desta geração e das futuras gerações.

Para preservar a saúde da Terra e construir um futuro melhor é preciso que cada pessoa cuide bem da vida que está ao seu redor e que cada nação desenvolva políticas públicas de sustentabilidade. Também se faz necessário que os governos unam forças para preservar todo o patrimônio de vida que existe em nosso planeta. Porém, não se pode abrir a ferida do conflito com desrespeito a soberania de cada nação. No caso da Amazônia, é sensato que todos os países estejam preocupados e que realmente despendam esforços, empenhos para ajudar a cuidá-la. Mas, respeitando a política territorial de cada país.

Frei Pilato Pereira

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domingo, 27 de abril de 2008

O outro lado do papel



Por Frei Pilato Pereira

Quando apanhamos um papel para ler ou escrever, seja um jornal, um livrou ou uma folha qualquer, dificilmente refletimos sobre o impacto ambiental e social que o consumo de um simples papel pode causar. Se fossemos agir desta forma, diante de qualquer produto que utilizamos, seríamos consumidores conscientes, atendendo a uma obrigatória exigência do nosso tempo. Já que precisamos consumir, pelo menos, poderíamos agir de forma mais consciente e responsável.

Estamos tão acostumados com a face limpa e bela do papel, seja ele branco ou colorido. E esquecemos de ver o seu outro lado, a face suja do papel que destrói a beleza da vida e explora as pessoas e a natureza. Como diz o ditado, "o papel aceita tudo". Mentiras e verdades são impressas no papel do jornal, da revista e do livro. Até podemos ler as mentiras, mas não devemos deixar de querer conhecer as verdades, por mais inconvenientes e adversas que sejam. E são muitas as verdades que estão para serem lidas no outro lado, no verso do papel. O lado escondido da produção e do consumo do papel.

A matéria-prima básica da indústria do papel, a celulose é um material fibroso presente na madeira. Em seu processo de fabricação, depois de descascada e picada em lascas, a madeira passa a ser cozida com produtos químicos, para separar a celulose da lignina e demais componentes vegetais. A etapa posterior, o branqueamento da celulose, é um processo que envolve várias lavagens para retirar impurezas e clarear a pasta que vai ser utilizada para fazer o papel.

Esses compostos, classificados pela EPA, a agência ambiental norte-americana, como os mais potentes cancerígenos já testados em laboratórios, também estão associados a várias doenças do sistema endócrino, reprodutivo, nervoso e imunológico. Mesmo com o tratamento de efluentes na fábrica, as dioxinas permanecem e são lançadas nos rios, contaminando a água, o solo e conseqüentemente a vegetação e os animais, inclusive os que são usados para consumo humano. No organismo dos animais e do ser humano, as dioxinas têm efeito cumulativo, ou seja, não são eliminadas e vão se armazenando nos tecidos gordurosos do corpo.

A Europa já aboliu completamente o cloro na fabricação do papel e o branqueamento é feito com oxigênio, peróxido de hidrogênio e ozônio. Mas nos Estados Unidos e no Brasil, e em favor de interesses da indústria, o dióxido de cloro continua sendo usado. É importante lembrar também que três grandes empresas de celulose estão se instalando no Rio Grande do Sul, onde pretendem plantar um milhão de hectares de arvores exóticas para a indústria de papel, da qual exportarão mais de 95% do produto. Isto significa que os restos tóxicos e os tocos das árvores ficarão por aqui causando irreparáveis impactos socioambientais.

O monocultivo de eucaliptos e outras plantas exóticas que alimentam a indústria de celulose e papel, além de causar sérios problemas ambientais, também aumentam a concentração da terra, expulsando agricultores e comunidades nativas, o que resulta em vazios populacionais. Esta atividade dificulta o processo de Reforma Agrária, não gera emprego e diminui postos de trabalho. E depois de duas safras de eucaliptos, por exemplo, após 14 anos, estas empresas nos deixarão de herança um Pampa devastado e sem vida, virado em tocos, sem rios, sem fauna e flora nativas.

Desde o plantio de árvores para a matéria-prima, até o fim de seu processo industrial, o papel segue um caminho causador de degradação socioambiental. O papel parece ser um produto indispensável. Nossa civilização não saberia viver sem papel. Mas podemos escrever e ler em papel ecológico. Temos o papel não embranquecido, aquele que não passou pelo processo de branqueamento e por isso poluiu muito menos e o papel reciclado que não precisou de mais uma árvore para ser produzido. Também podemos utilizar menos papel, nos re-educando para sair da cultura do descartável. Enfim, é preciso consumir o mínimo necessário e usar papel ecológico. A natureza e as gerações futuras desde já nos agradecem.


segunda-feira, 7 de abril de 2008

2008 é o ano do Planeta

Vamos nos unir para cuidar nosso planeta!

Ecologia, a arte da reconciliação

Por Frei Pilato Pereira

Nossos antepassados viveram nas florestas e, certamente, sentiam medo da sua complexidade. As florestas representavam perigo aos seres humanos, como a todos os animais. Para fugir das florestas, as comunidades humanas foram se aglomerando, primeiro com trabalho agrícola, depois veio a indústria, até chegarmos ao mais moderno e complexo mundo urbano que hoje conhecemos. E as cidades são tão complexas quanto as floretas. Assim como as florestas causavam medo e perplexidade, hoje são as cidades que amedrontam constantemente. Ninguém estaria seguro numa floresta, como também não se pode dizer que alguém esteja plenamente seguro numa cidade. Podemos dizer que, ao fugir da floresta, o ser humano criou a cidade à imagem e semelhança da sua primeira habitação.

O medo de ser agredido levou o ser humano a criar técnicas de proteção. E sempre impulsionado pelo medo, chegou ao ponto de desenvolver uma altamente moderna e eficaz indústria de guerra. Com medo da fome, e tendo que migrar para locais afastados dos recursos naturais, a espécie humana se esforçou em implementar técnicas e estratégicas capazes de garantir a subsistência. Mas, o medo da morte virou violência e o medo da fome virou ganância. Violentos e gananciosos por causa do medo, os seres humanos agridem, não apenas as outras espécies, mas constantemente vivem ferindo e explorando uns aos outros. É assim que vemos a humanidade, com muitos sinais de amor e fraternidade, mas profundamente marcada pela ganância, violência, pelo ódio e o egoísmo. E, infelizmente, ainda somos uma civilização do medo e da incerteza, sentindo impotência diante dos problemas que nós mesmos criamos.

A ecologia que é o estudo da casa onde habitamos, é também a arte da reconciliação, é a ciência que nos faz pensar e mudar a forma de como nos relacionamos com tudo o que existe. Hoje, a ecologia nos convida à reconciliação. No início, os seres humanos quiseram fugir das florestas e ainda hoje fugimos das nossas cidades que construímos para viver. Fugimos do caos, da degradação, da poluição e fugimos uns dos outros. Mas agora, a ecologia nos interpela: se fugir, que seja do medo, da ganância, do ódio e da maldade, para então, nos re-encontramos na convivialidade fraterna, na solidariedade, no amor, na bondade. Temos que nos re-encontrarmos como humanidade, nos reconciliarmos com nossa condição humana, com os seres humanos, com outros seres e as outras formas de vida e com Deus criador da vida. Precisamos reatar nossa amizade com a natureza, que é fonte de vida e não simplesmente um perigo ou ameaça. A nossa sobrevivência e a continuidade real de vida no planeta depende da nossa reconciliação com a natureza.

Obrigado, Dom Cappio!

Por Frei Pilato Pereira, OFM Cap

O presidente Lula comemora a liberação do STF para tocar em frente as obras de transposição do São Francisco que, segundo ele, já era plano no governo de Dom Pedro II. O imperador Pedro de Bragança e Habsburgo certamente não se sentiu com suficiente autoridade para realizar a obra, mas o "imperador" Lula da Silva está se sentindo o todo poderoso. E ele tem o poder que nós lhe outorgamos através do voto, para administrar o país, obviamente, respeitando a Constituição. Mas depois de eleito, os seus aliados, interesseiros, lhe deram outros poderes, indo além do que determina a Constituição, desde que os beneficiem plenamente. Então, o operário que os sindicatos, movimentos e pastorais sociais e outras organizações populares, no mais digno exercício da democracia, o fizeram presidente da República, agora age com autoritarismo e prepotência, como se estivesse numa monarquia.

Com o discurso de levar água para saciar a cede de 12 milhões de pessoas, Lula se sente no poder de mudar o curso de um rio para regar e sustentar a ganância do agronegócio. O governo do "imperador" Lula da Silva poderia usar menos dinheiro para revitalizar o rio, construir cisternas e levar água para 40 milhões de pessoas e não apenas para 12 milhões. Mas isso lhe daria um problema enorme. Os seus aliados do agronegócio iriam ficar na mão, não teriam suas monoculturas irrigadas com as águas do São Francisco. E, certamente, uma bancada ruralista, os investidores estrangeiros e outros poderosos e lacaios incomodam muito mais que o gesto de jejum e oração de um bispo apoiado pelas pastorais e os movimentos sociais e ambientais. Por isso, Lula não teria escolha, a obra tinha de sair. E sai com a bênção do STF. Mas é isto o que se poderia esperar da suprema corte de um país onde quase toda a supremacia é uma só laia de "podres poderes".

Depois disso tudo - apesar da dor - com alegria, o que se pode dizer é: Obrigado, Dom Cappio! Obrigado por mostrar ao povo brasileiro a verdade sobre o projeto de transposição. Teu jejum não foi em vão, valeu muito mais do que se possa imaginar. Mostrou que é necessário e possível revitalizar o rio para que as futuras gerações possam tê-lo vivo e garantir água, não apenas para 12 milhões, mas 40 milhões de pessoas que hoje sofrem com a seca.

A verdade escancarada pelo gesto de Frei Luiz Cappio é tão forte que, para escondê-la um pouco, foi preciso muita mentira da parte do governo. E Dom Cappio, por seu espírito franciscano, pediu desculpas aos que sofreram por sua causa. Não precisa, não deve se desculpar. Nós, mesmo que o apoiamos, é que devemos pedir perdão por termos feito tão pouco ou quase nada diante de um gesto tão forte e tão pleno de verdade e coerência.

Daqui para frente a luta pelo Rio São Francisco continua ainda mais viva e despertando em todo o Brasil um espírito revolucionário ecológico. A causa ambiental, definitivamente, faz parte das lutas sociais. Os movimentos e organizações populares que atuam em questões sociais e políticas estavam ao lado de Dom Cappio na defesa do São Francisco. Agora ficou mais claro que, quando se luta pelos povos, é preciso defender a vida do rio e da natureza, porque tudo está interligado. O gesto de Dom Cappio foi uma lição de vida, de luta e de coragem que nossa civilização estava precisando para dar um passo à frente. Obrigado, Dom Cappio!

Abominável violência contra a mulher

Por Frei Pilato Pereira
 
A versão mais difundida sobre a origem do Dia Internacional da Mulher é de que em 8 de março de 1857, 129 operárias de uma fábrica de tecidos, de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica reivindicando melhores condições de trabalho e a manifestação foi reprimida com total violência pela polícia dos patrões. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada e elas morreram carbonizadas, num ato brutal e desumano. Pesquisas chegam a negar que isto realmente tenha ocorrido. Mas a história revela inúmeros fatos reais de violência contra a mulher. E outras versões sobre o Dia Internacional da Mulher também estão relacionadas à luta das mulheres por mais dignidade e respeito, e contra a violência sofrida por elas e seus filhos.

Desde que acompanho as celebrações do dia 8 de março, todos os anos, este dia é pautado pelo tema da violência contra a mulher. E tenho percebido que quando as mulheres também lutam contra outros tipos de violência, elas mais uma vez são vítimas da violência. E o que é pior, se trata de uma violência institucional. Como por exemplo, no dia 8 de março de 2006, um grupo de mulheres da Via Campesina ocupou um horto florestal da Aracruz celulose, para protestar contra a violência das monoculturas de eucaliptos que podem causar terríveis desastres socioambientais no Rio Grande do Sul. As mulheres foram reprimidas pela polícia, pela grande mídia e pela própria Justiça. Foram vítimas da violência institucionalizada quando lutavam contra a violência. A luta das mulheres sem terra, por exemplo, não poucas vezes foi respondida pelo Estado com violência e brutalidade policial. Ou seja, elas lutam contra a violência que sofrem ou a violência cometida contra seus filhos e acabam sofrendo muito mais violações, são agredidas e desrespeitadas por agentes do próprio Estado, que é a polícia.

Agora em 2008, na semana do Dia Internacional da Mulher, militantes da Via Campesina novamente fizeram protestos contra as monoculturas de eucaliptos. E desta vez denunciando algo muito mais grave que é a sutil invasão de multinacionais sobre terras da fronteira do Brasil. No município de Rosário do Sul, numa fazenda da multinacional Stora Enso, as mulheres roçaram eucaliptos e plantaram mudas de arvores nativas. Um gesto nobre de quem quer libertar o Pampa das garras das multinacionais e protege-lo para que seus filhos e as futuras gerações possam ter terra e pão na mesa.

O movimento pedia a anulação das compras de terra feitas ilegalmente pela multinacional na faixa de fronteira e reivindicava essas terras para a Reforma Agrária, que resultaria em produção de alimentos. Desta vez a ação policial comandada por uma mulher, a governadora Yeda do PSDB, foi totalmente repressiva. Os policiais, na maioria homens, sem piedade e com voraz truculência, agrediram as mulheres e, inclusive crianças que acompanhavam suas mães. As mulheres relatam ações perversas de violência policial.
Além de apontar armas para mulheres acompanhadas de crianças, os homens da Brigada Militar bateram nelas, prenderam as lideranças e extraviaram seus pertences, como documentos, roupas e alimentos. Os policiais também privaram mulheres e crianças de se alimentar e beber água por várias horas e muitas delas tiveram que ser hospitalizadas por problemas de saúde causados pela agressão policial É inacreditável que isto ocorra num país que diz respeitar os direitos humanos. O mais contraditório é o fato de que esta ação de violência contra as mulheres foi comandada por uma mulher, a governadora do estado, Yeda Crusius.

Mulheres que lutam contra a violência, são vítimas da violência da autoridade que deveria lhes dar segurança e garantir a dignidade delas e de seus filhos. Já é sabido que muitas mulheres não denunciam a violência doméstica por medo de sofrerem ainda mais violência. O mesmo vem ocorrendo com a violência na sociedade. Mulheres vão às ruas protestar contra a violência e são vítimas da violência cometida contra elas pelo próprio Estado. Isto se chama repressão, muito comum na ditadura militar, algo abominável que infelizmente vem ocorrendo em plena "democracia".

O que dizer desses policiais que agrediram as mulheres? Como diz o ditado popular: "homem que bate em mulher, não é homem". Quem nasceu de uma mulher, só se torna seu agressor quando perde sua humanidade, sua dignidade humana. E, portanto, não é mais homem, é o pior dos animais. A violência contra a mulher é algo abominável e isto tem que acabar. Pois, o que se pode esperar das futuras gerações que crescem assistindo suas mães sendo agredidas? O filho que vê o pai agredir a sua mãe, cresce com raiva e ódio do próprio pai. O filho que vê a autoridade constituída, o Estado com seu aparato policial, agredir e maltratar sua mãe, também vai crescer com um sentimento de ódio cívico.

A governadora do Rio Grande do Sul deveria colocar a mão na consciência e se dar conta do grande mal que fez em mandar ou permitir a violenta ação policial contra as mulheres da Via Campesina no último dia 4 de março quando celebravam a semana do Dia Internacional da Mulher.

domingo, 6 de abril de 2008

Resgatar a Ecologia de São Francisco de Assis

Neste tempo de crise ecológica e de muitas preocupações e dúvidas sobre o futuro da vida no Planeta Terra, precisamos, com urgência, resgatar a ecologia de Francisco de Assis. Não é por nada que São Francisco é o padroeiro da ecologia. Antes que a palavra ecologia fosse dita, Francisco já era um verdadeiro ecologista no seu modo de viver e se relacionar com a natureza. Ele era ecologista nas coisas simples como, por exemplo, recolher do caminho os vermezinhos para que não fossem pisados e alimentar as abelhas com mel e vinho para que elas pudessem sobreviver ao inverno. São atitudes simples, que até podem ser vistas com ironia, por alguns, mas só é capaz de cuidar da vida e ajudar a proteger o planeta quem tiver a sensibilidade de cuidar das menores e mais "insignificantes" criaturas. O apóstolo da ecologia, Francisco de Assis, "chamava com o nome de irmão todos os animais". E o seu carinho pelas criaturas era sempre retribuído. As criaturas eram amáveis com ele como diz na Biografia Segunda de Celano, onde também encontramos sete capítulos que mostram a relação fraterna de Francisco com a natureza.

Entre tantos elementos nos escritos Franciscanos sobre ecologia, o que mais nos chama a atenção é o famoso "Cântico do Irmão Sol" ou também conhecido como "Louvores das Criaturas". A primeira impressão que temos é que Francisco louva o Criador com as criaturas, como se ele convidasse as criaturas, suas irmãs todas, a louvar com ele ao Deus Criador. Parece que ele está em plena comunhão com a natureza e todas as formas de vida. Mas há uma diferença entre nós cantarmos este cântico hoje e o que o mesmo significou para Francisco naquele momento de sua vida.

Podemos cantar o Cântico do Irmão Sol olhando o sol, a lua e as estrelas que brilham no céu, sentindo o soprar do vento, o perfume das flores e respirando o ar. Podemos cantar sentindo e olhando a beleza, a profundidade e a pureza da água, o vigor do fogo e a vitalidade da mãe e irmã Terra que nos sustenta com seus frutos, flores e ervas. Francisco, porém, já não via mais nada, naquele momento estava cego, doente, quase morrendo, suportando uma terrível dor. Mas tudo o que cantou em seu Cântico já estava em seu coração. A imagem da integridade das criaturas expressa no Cântico do Irmão Sol já estava no mais profundo de sua alma. Não era apenas o que ele via, mas o que ele aprendeu a viver ao longo da vida e agora vivia em plenitude.

Ao cantar louvores ao Deus Criador, nesta forma, com seu cântico, de mãos dadas com todas as criaturas, em plena sintonia com a vida, Francisco era um ser reintegrado ao cosmo. E isso expressa sua prática ecológica, uma caminhada progressiva na relação amorosa com as criaturas de Deus. Este cântico é a expressão de um caminho espiritual-ecológico desde a sua conversão, que culmina numa atmosfera de fraternidade cósmica. O Cântico do Irmão Sol é a alma de São Francisco, que percorreu um caminho de conversão no relacionamento, não somente físico e biológico, mas também espiritual com as criaturas.

Tomar o Cântico do Irmão Sol pode ser uma forma de apreciar sua poesia, mas é também contemplar a alma de Francisco. Este cântico é sua alma viva em plena sintonia com todas as formas de vida. Ele já não vê apenas um sentido utilitário, mas vê nas criaturas o valor em si de cada uma. Sua visão evoluiu e ele se sente irmão de todas as criaturas. A mãe Terra é para Francisco a irmã Terra, ou seja, ele se sente responsável em cuidar do planeta que sustenta a vida. E isto deve ser aplicado na nossa ecologia. Precisamos resgatar a Ecologia de Francisco e mudarmos o nosso modo de nos relacionarmos com a vida. É preciso saber cuidar da vida nas pequenas coisas, dialogar e aprender com a natureza, respeitando sua alteridade. Temos um caminho espiritual-ecológico a percorrer, um caminho de constante conversão e de reconciliação com a natureza, com todas as formas de vida.
 
Frei Pilato Pereira

É preciso 6,5 bilhões de cientistas para salvar o planeta

Recentemente o jornal britânico The Guardian preparou uma lista que reúne as "50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta". São políticos, artistas, cientistas e ativistas, homens e mulheres de todas as partes do mundo, pessoas mais engajadas, sérias e competentes. E nesta lista consta apenas um nome da América Latina. É o nome de Marina Silva, a ministra brasileira do Meio Ambiente. A informação é que a ministra Marina, desde quando assumiu o ministério, fez com que o desmatamento na Amazônia caísse 75% e destinou algumas áreas de floresta para as comunidades indígenas. Podemos dizer que nossa ministra fez por merecer. Mas, certamente, seu nome consta na lista porque muito pode e deverá fazer em favor do planeta. Outro fato destacado recentemente na imprensa é que dez cientistas importantes deram suas dicas de como podemos resolver os principais problemas ambientais da Terra.

Tudo isto é importante. É bom que os cientistas renomados façam a sua parte, que ajudem a humanidade a encontrar alternativas viáveis para preservar a vida. Mesmo que às vezes suas idéias parecem exageradamente fantásticas e longe da realidade. E também é preciso mostrar o bom exemplo, o trabalho de pessoas sérias e comprometidas, que lutam em favor do planeta que é a casa de todos e todas. Mas não podemos esperar que apenas as "50 pessoas" mais engajadas na questão ambiental, mudem a face da Terra. Também não podemos simplesmente esperar pela concretização das fantásticas idéias de cientistas. É preciso que todos os habitantes do planeta façam a sua parte. Os cientistas muito têm a contribuir com sua ciência e devem colocar a técnica e todo o seu aprendizado e suas pesquisas a serviço da vida. Artistas, políticos, administradores, governantes, autoridades e lideranças das mais diversas esferas da sociedade devem trabalhar seriamente, fazendo tudo o que estiver ao seu alcance para que a Terra e todas as suas formas de vida continuem vivas. Porém, se ficar somente nisso, nós não poderemos contar com o futuro vivo. Algo concreto deve ser feito por todos os seres humanos que habitam a Terra.

A população atual da Terra está entorno de 6,5 bilhões de habitantes e é de todos estes que o planeta precisa para se recuperar da atual crise ecológica. Não é de apenas dez cientistas que o planeta precisa, mas que os 6,5 bilhões de habitantes, nas suas mais diversas ciências, nos seus mais diversos saberes e poderes, pensem, criem idéias sustentáveis em favor da vida e as coloquem em prática. É preciso que todos e todas façam alguma coisa, por menor que seja. Parece absurdo pensar que todos os habitantes do planeta vão se ocupar com práticas ecologicamente corretas. Mas, precisamos trabalhar com este apelo para que a cada momento mais e mais pessoas estejam concretamente engajadas na luta em defesa da vida. Em vez de pensar que alguns vão fazer algo por nós, vamos nós procurar fazer algo por todos. Ciência, saber, conhecimento não é privilégio de alguns, é dom de Deus que está em todos os seres humanos, e cada um desenvolve de alguma forma, pensando, inventando, recriando a vida. E agora, é necessário que todas as pessoas no mundo inteiro pensem e façam algo de bom para o planeta. Pessoas simples e pequenas em lugares humildes e pequenos, fazendo pequenas coisas, são capazes de mudar a face da Terra.

Frei Pilato Pereira