segunda-feira, 20 de março de 2006

III ENCONTRO INTERNACIONAL DO SEJUPE

O 3º Encontro Internacional do Serviço de Justiça, Paz e Ecologia (SEJUPE), da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, ocorreu em Porto Alegre, entre os dias 13 a 18 de março de 2005 e teve como tema: “FRATERNIDADE EVANGÉLICA, JUSTIÇA ECONÔMICA E COMBATE À POBREZA”. O primeiro encontro aconteceu em Adis-Abeba (Etiópia), em 2004, com o tema “Fraternidade Evangélica num mundo multi-étnico”. O segundo aconteceu em Nagahuta (Indonésia), em 2005, com o tema “Diálogo inter-religioso num contexto de fundamentalismo”. Todos os três encontros tiveram como objetivo refletir a ação e os esforços dos freis capuchinhos em prol da justiça, da paz e da ecologia.Em Porto Alegre, o encontro contou com a presença de 52 participantes, entre eles, 42 delegados das diversas circunscrições e outros 10 frades, entre a Cúria Geral, os membros da Comissão internacional do SEJUPE e equipe editorial. E mais oito participantes que trabalharam nas assessorias e traduções. O maior número de delegados foi garantido a Conferência dos Capuchinhos do Brasil que contou com oito delegados. A Província do Rio Grande do Sul foi representada por Frei José Deon e Frei Pilato Pereira e também indicou mais duas vagas para suas vice-províncias. Frei Kellycio Pereira, pela Vice Província de Mato Grosso e Rondônia e Frei Renel Prospere, pela Vice Província de Republica Dominicana e Haiti. Frei Wilson Dalagnol, que ajudou a organizar e coordenar o encontro, é da Província gaúcha, e faz parte da Comissão de Justiça, Paz e Ecologia da Ordem. O bispo emérito de Vacaria, Dom Frei Orlando Dotti, membro da Província do Rio Grande do Sul, foi um dos assessores do encontro. O Convento São Lourenço de Brindes foi o local do encontro e disponibilizou de uma ótima equipe e estrutura que possibilitou aos participantes do encontro um bom trabalho.Durante os três primeiros dias nos dedicamos mais a ouvir exposições pertinentes ao tema: “Fraternidade Evangélica, Justiça Econômica e Combate à Pobreza”. João Pedro Stedile e Padre Inácio Neutzling nos ajudaram a compreender melhor, ver mais claramente sobre as estruturas e mecanismos que geram a pobreza no mundo. Dom Orlando Dotti trouxe para o encontro a iluminação da Doutrina Social da Igreja, Frei Yves Soudan apresentou o ponto de vista dos direitos humanos e Frei Prudente Nery contribuiu com uma resposta franciscano-capuchinha aos desafios da pobreza e da justiça econômica. Também tivemos a oportunidade de ouvir alguns irmãos sobre suas experiências concretas sobre a justiça econômica e o combate à pobreza. Tivemos, inclusive, uma mesa redonda sobre o “Grito dos Pobres da África”.Iniciando na quarta-feira, 15 de março, com a visita a Casa Fonte Colombo, o grupo se empenhou em conhecer alternativas concretas de solidariedade. Na quinta-feira, realizamos três visitas (em três grupos), uma na Cooperativa de Costureiras, UNIVENS, outra na Associação de Reciclagem de Canoas e uma terceira, numa Cooperativa de Reforma Agrária em Charqueadas.Com o suporte das exposições teóricas, das partilhas e contato pessoal com experiências concretas de justiça econômica e combate à pobreza, chegou o momento de elaborar o documento final do encontro, a “Carta de Porto Alegre” que, em breve, deverá ser apresentada a todos os frades da Ordem. Diante desse desafio, houve trabalho em grupos e plenária, e muito empenho por parte de todos os participantes do encontro. De Porto Alegre para o mundo, a Carta final do encontro do SEJUPE sai com a força da fraternidade capuchinha a que representamos nessa reunião, e também com a força dos clamores da humanidade, dos mais pobres que em muitas partes do mundo clamam por justiça, paz e pelo respeito e cuidado para com a natureza. Este deverá ser, não apenas mais um documento entre tantos que temos em mãos, mas um instrumento motivador para vivermos a fraternidade evangélica, a justiça econômica e a luta contra pobreza.A Carta de Porto Alegre foi elaborada com um olhar crítico para a realidade em que vivemos. Procura denunciar o neoliberalismo, um modelo de vida econômica em que a fome tornou-se algo estrutural da sociedade, onde o crescimento depende da permanente pobreza de uma grande camada da população. As reflexões ao longo do encontro também possibilitaram a compreensão de que, como Igreja, devemos ser sinal de esperança para os pobres. Por isso propomos a “Economia Fraterna”, como uma alternativa para orientar novas relações, com solidariedade e sem paternalismos e que conduzem a um respeito para com a pessoa humana, criando laços de comunhão. A “Economia Fraterna” possui cinco princípios: participação, eqüidade, transparência, solidariedade e austeridade. Orientados por esses valores, de uma economia fraterna, somos convidados a colocar em prática as onze propostas da Carta de Porto Alegre que vão desde a organização interna da vida econômica até nossa firme e fiel inserção junto aos mais pobres para construir um outro mundo possível, necessário e urgente.Os sábado, 18 de março, foi dedicado a aprovação do documento final, a Carta de Porto Alegre, e celebração de envio. Durante a homilia o Ministro Geral, Frei John Corriveau, comentou que é preciso que estejamos livres da cobiça e da concorrência, vivendo os valores da economia fraterna, pois assim poderemos abraçar os pobres. “A economia fraterna fará surgir corações plenos de compaixão em nós e nas nossas fraternidades”.
Frei Pilato Pereira

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